quarta-feira, 4 de outubro de 2006

O POVO BRASILEIRO MERECE O GOVERNO QUE TEM


O brasileiro não tem memória curta, ele tem amnésia crônica. Ou isso, ou somos o povo mais benevolente da face da Terra. Que outra razão pode explicar a volta de 11 malditos deputados filhos da puta, com almas e passados tão limpos quanto a racha de uma prostituta sifilítica, suspeitos de envolvimento nos escândalos de corrupção dos mensaleiros e sanguessugas à Câmara? O que pode explicar a volta de gala do Fernando “Bastardo” Collor de Melo ao Palácio do Planalto como o senador mais votado em Alagoas? Ah, desculpe... para essa última pergunta, a ex-senadora Heloísa “Abaixo o Banditismo Político” Helena já nos deu a resposta.

Segundo ela, o povo alagoano votou no Collor pq “se o Lula, que roubou tanto – ou até mais – que o Collor será reeleito, pq o Collor não tem direito ao nosso voto?”. Essa é a mesma linha de raciocínio dos paulistas, que elegeram Paulo Maluf - o “homem que rouba, mas faz!” - como um dos deputados federais mais votados do país nessas eleições.

Será que isso tudo soa como absurdo apenas para mim?

O brasileiro clama por uma revolução na política, mas não consegue entender que isso só será possível renovando os políticos que nos governam e nos sugam há anos. E o mais importante: ser um expectador de esporte só contribui (e estimula) a falta de compromisso dos políticos em honrar suas promessas eleitorais. Não existe cobrança da população. Todos acham que sua contribuição se restringe a votar e ponto final.

O problema é que nem votar o brasileiro saber fazer. Não bastasse colocar panos quentes no passado sórdido dos corruptos e reelege-los, o brasileiro ainda teve a capacidade de eleger nessas eleições (e com votos recordes) figuras como Clodovil e Frank Aguiar, por exemplo, que claramente não passam de testas-de-ferro na ascensão de políticos do partido deles.

Comparo o cenário político do Brasil com a fracassada campanha da seleção brasileira na última Copa. Não perdemos o hexa só pq o Ronaldo, Roberto Carlos, Cafu e tantos outros estavam fora de forma e apáticos. Eles foram escalados pra jogar e, portanto, apenas cumpriram – insuficientemente – seu dever. A culpa é, principalmente, de que os convocou, de quem teve medo de apostar num time mais bem preparado fisicamente e ávido por mostrar serviço. Em outras palavras, a culpa maior foi do técnico.

E da mesma forma que o Parreira foi o principal responsável pela derrota do time na Copa, valorizando nomes ao invés do bom futebol, o eleitor é o principal culpado pela má administração do país, pois ele é quem escala o grupo que deveria nos levar à vitória e nos trazer alegrias.

Deveríamos fazer como o Dunga fez com a seleção: renovar totalmente o time e só dar uma segunda chance àqueles que verdadeiramente acreditamos não terem desempenhado um bom papel por causa da falta de suporte dos maus jogadores (como o Kaká e o Ronaldinho Gaúcho, por ex). Mas aqui, mais uma vez, devemos seguir o exemplo do Dunga: escalo-los, sim; mas começando no banco. Se eles quiserem nosso voto de total confiança novamente, terão que reconquista-lo com perseverança e humildade.

O dia que o brasileiro compreender isso, talvez nosso governo dê o salto de qualidade que tanto ambicionamos.